terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Ataque mais recente do grupo de hackers Anonymous deixa estragos

O sistema informático da Stratfor foi violado durante o Natal. Um grupo de hackers conseguiu entrar e aceder a uma lista de assinantes da publicação deste think tank, que reúne e analisa informação de todo o mundo. Foram recolhidos nomes, e-mails, palavras-chave, números de telefone, moradas e cartões de crédito.

A lista com alguns destes dados foi publicada online. Mas só depois de os atacantes terem usado alguns dos cartões de crédito para contribuir com somas avultadas para instituições de caridade como a Cruz Vermelha e a Save The Children, num valor total superior a um milhão de dólares. Nessa lista encontram-se dados de dois portugueses, o general Loureiro dos Santos e Mário Tomé, antigo deputado da UDP.

O ciberataque foi publicitado como obra dos Anonymous e assim noticiado em todo o mundo. A autoria foi pouco depois desmentida, através de um comunicado que explica as razões por que a Stratfor não poderia ter sido alvo de um ataque dos Anonymous: “Como fonte mediática, o trabalho da Stratfor é protegido pela liberdade de imprensa, um princípio que os Anonymous muito estimam”.

“A Stratfor é uma agência de informação open source, que publica relatórios diários sobre os dados recolhidos na Internet aberta. Os hackers que dizem pertencer aos Anonymous distorceram esta verdade, a fim de promover sua agenda oculta, e alguns ‘Anons’ morderam o isco”, lê-se no comunicado publicado no domingo.

Ontem, segunda-feira, o cibernauta @Kilgoar publicou um outro texto em que sublinha a diferença entre dois grupos de hackers – os Anonymous e o Antisec, a que pertence Sabu, o principal autor do ataque à Stratfor. As críticas têm sido muitas no Twitter, onde outros hackers o acusam de não entender a “sensibilidade” dos Anonymous.

No texto de segunda-feira, Kilgoar argumenta que "as intenções de Sabu e da sua equipa são cada vez mais obscuras" e questiona os restantes Anonymous sobre se devem ou não permitir que se continue a usar o nome do grupo para este tipo de ataques. A sua posição é clara: vota contra. “[Estas] não são acções de anarquistas justos, mas de criminosos oportunistas”, sublinha.

Sabu, por outro lado, acusa os detractores de o odiarem. “Ignorem estes idiotas. Odeiam-me por muitas razões, mas sobretudo porque não me conseguem parar”, escreveu no Twitter. Num novo comunicado, publicado nesta terça-feira, o autor do ataque à Stratfor sugere mesmo uma ligação entre os hackers que o repudiam e a empresa, cujos “funcionários estão bem versados em contra-informação”.

Na segunda-feira, a Stratfor alertou os clientes, que têm as suas contas suspensas, para a possibilidade de os seus dados estarem a ser utilizados segunda vez por apoiarem publicamente a empresa, sediada em Austin. Hoje, o site da Stratfor continua offline.

A Stratfor fez ainda saber que a sua lista confidencial de clientes, que inclui agências e departamentos governamentais e intergovernamentais, bancos de crédito e de investimento ou empresas multinacionais, está segura. A Marinha portuguesa, por exemplo, faz parte dessa lista. Os responsáveis pelo think tank informaram que os hackers acederam apenas a uma lista de assinantes do seu boletim informativo.