domingo, 19 de fevereiro de 2012

De director a recluso


Dentro de dias, o MP deverá ouvir Zé Pote, Lígia Furtado e José Jorge como arguidos e formalizar acusação contra o grupo por suposta corrupção activa na cadeia de S. Vicente, onde cumprem sentença por tráfico e associação criminosa.
Os três reclusos são suspeitos de terem subornado o director Manuel Cândido e correm, por isso, o risco de serem acusados de mais esse crime. Na sequência desse alegado golpe, Lígia Furtado, Zé Pote e José Jorge, todos condenados por associação criminosa, narcotráfico e lavagem de capitais, passaram a usufruir de bastas regalias, como acesso à internet e uso de telefones móveis e fixos dentro da cadeia. Lígia Furtado teve ainda o privilégio de ser matriculada na Universidade Lusófona (e não na Universidade do Mindelo, como foi escrito antes por este jornal), mas a sua matrícula – assim como as outras benesses que ela e os colegas estavam a usufruir –, já foi cancelada.Entretanto, a condição do ex-director da cadeia está a criar uma certa polémica.
É que Manuel Cândido goza de um estatuto especial, derivado do cargo que exerceu, e tem o direito de estar colocado numa cela especial, isolada do resto da comunidade carcerária, ou de ser transferido para outra penitenciária. Até o momento, consta que Cândido está a dividir uma cela com outros reclusos, o que pode colocar em causa a sua segurança pessoal. O caso está a ser analisado pela Direcção-Geral dos Serviços Penitenciários, mas, segundo o director Fidel Tavares, ainda não foi tomada nenhuma decisão em concreto.Manuel Cândido passou à condição de recluso na passada sexta-feira, quando o Tribunal de S. Vicente lhe decretou prisão preventiva como medida de coação, após a sua detenção pela Judiciária, dois dias antes. Esta medida deixa entender que têm fundamento as suspeitas de que o ex-director da Cadeia de Ribeirinha estava envolvido num esquema de corrupção com os presos Lígia Furtado, Zé Pote e José Jorge.Além de Manuel Cândido, o Ministério Público emitiu ordens de captura contra Graciano Nicolácia, Chefe de Segurança, e Rute Mendes, Chefe da Ala Feminina, por suspeita de terem participado nos actos de corrupção sob investigação.
Nicolácia e Rute ficaram sob Termo de Identidade e Residência, com interdição de saírem do país e com a proibição de entrarem em contacto com as outras pessoas envolvidas neste caso, nomeadamente Lígia, Zé Pote e José Jorge, os três reclusos suspeitos de terem subornado o director Manuel Cândido.
Fonte: Jornal a Semana

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