segunda-feira, 30 de abril de 2012

Cocaína que passa por Cabo Verde financia terrorismo

Cocaína que passa por Cabo Verde financia terrorismo

Parte da cocaína que passa por Cabo Verde com destino à Europa estará a ser utrilizada para financiar actividades terroristas, afirma um relatório do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, dos EUA. O documento, divulgado semana passada, coloca, entretanto, maior enfoque na Guiné-Bissau, o primeiro narco-estado da África Ocidental.

Cocaína que passa por Cabo Verde financia terrorismo
Um estudo do Instituto Internacional de Estutos Estratégicos, sedeado nos Estados Unidos, conlcluiu que boa parte da droga que sai da América do Sul com destino à Europa estará a financiar actividades terroristas. Cabo Verde entra na história por ser um dos países-trânsito num grande canal lusófono transatlâtico para fazer chegar o ’pó branco’ ao principal m,ercado mundial, a Europa. A droga sai preferencialmente do Brasil (mercado emissor), passa por Cabo Verde (trânsito), Guiné-Bissau (armazenamento) e Portugal (receptor) antes de ser comercializada nos restantes países do velho Continente.
A conclusão do IIEE é de que este percurso é dominado por organizações terroristas próximas à nossa região africana. O documento daquele instituto norte-americano refere Cabo Verde como uma das rotas da cocaína que financia o terrorismo, por meio dos muitos cidaãos sírios que habitam o nosso país. Mas coloca especial enfonque ao caso da Guiné-Bissau, o primeiro e único narco-estado da África Ocidental. Segundo o documento, investigadores acreditam que o tráfico de narcóticos naquere país irmão esteja a alimentar as actividades de grupos terroristas, desde o Hezbollah, da Síria, ao Al-Qaida, com base no Iémen, e com ramimificações ao ocidente africano.
"O arquipélago dos Bijagós tem mais de 80 ilhas e fica a meio caminho entre um grande produtor de droga (a América Latina) e um grande consumidor (a Europa). Tendo em conta a geografia do terreno e a fraca vigilância, o arquipélago acaba por ser um local ideal para os traficantes de droga", diz o relatório da IIEE.
Segundo o mesmo documento, a constante instabilidade política na Guiné-Bissau, a pobreza e a fraca economia do país fizeram com que o tráfico de cocaína proviniente da América do Sul se fixasse nos últimos anos. "Estima-se que todas as noites cheguem, por avião, à Guiné-Bissau cerca de 900 quilos de cocaína. A esse número acresce a droga transportada pelo mar para as ilhas na costa guineense".. Virginia Comolli, responsável pelo recente relatório do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, “o tráfico de droga veio colmatar essa lacuna na economia guineense. A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo e deve muito do seu Produto Interno Bruto à produção e exportação de produtos agrícolas, sobretudo de castanha de caju”, refere.
Ainda de acordo com a publicação, pensa-se que o ex-presidente da Guiné-Bissau João Bernardo ‘Nino’ Vieira teria estado envolvido no tráfico de cocaína. Em 2010, a nomeação de Bubo Na Tchuto como chefe da Marinha foi criticada pela União Europeia e pelos Estados Unidos, que o tinham apontado como um “barão da droga”.Segundo Virginia Comolli, “tem havido especulações sobre ligações com o Hezbollah. Há uma razoável comunidade libanesa a viver na África Ocidental e na Guiné-Bissau, tal como em países na América Latina, com o propósito de controlar o tráfico de droga. E alguns analistas pensam que as receitas do tráfico acabam nas mãos do Hezbollah, no Líbano, para financiar as suas actividades terroristas”.
Outra preocupação, diz Virginia Comolli, é uma alegada ligação entre os traficantes de droga e o grupo terrorista da Al-Qaeda deo Magreb Islâmico, ou AQMI, e que vem ao encontro da notícia de A Semana sobre a expansão doa organização de bin Laden desde a somália até Cabo Verde. “A AQMI tem controlado as rotas do tráfico no Sahel, que têm sido usadas durante séculos para traficar pessoas, armas, cigarros ou drogas pelo deserto. Portanto, penso que é razoável assumir que os traficantes tenham de pagar aos membros da Al-Qaeda para poder utilizar as rotas e passar a droga para o Norte de África e daí para a Europa”.
De acordo com a investigadora, é preciso que os países industrializados tenham mais vontade de resolver o problema: “Não se coloca muito foco na redução do consumo. É preciso que os países que são consumidores lancem sérias campanhas de sensibilização para reduzir o uso ilícito de droga e assumam maior responsabilidade nos países em desenvolvimento que são mais afectados pelo tráfico de narcóticos”.
Fonte: Jornal A Semana

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