sábado, 28 de janeiro de 2012

Pericia Criminal Biologia Forense

Não deixe seu
DNA por aí...


Wanda Sily



A tecnologia moderna de há muito foi posta a serviço da justiça. Usados nas investigações policiais, computadores conseguem obter em minutos o que um detetive leva semanas, ou meses, para conseguir, agilizando a busca pelos culpados ou revelando as provas do crime. Primeiro foram as impressões digitais, quando perceberam que não existem duas iguais. Depois descobriram que o DNA, sendo também único, poderia ser usado como prova de culpa ou inocência, principalmente nos crimes de caráter sexual.

Em 1994, o governo federal americano criou os primeiros bancos de DNA, mas poucos estados aderiram. Em 1998, o FBI criou um banco de dados nacional, e o DNA definitivamente entrou na guerra contra o crime. E que guerra! Em 1960, a delegacia de Los Angeles tinha 9.000 casos de crimes sem solução. Diferente das generosas leis criminais brasileiras, um crime nos Estados Unidos não expira – fica arquivado, esperando um milagre: o culpado se entregar ou cometer algum deslize.

Em 2007, Los Angeles criou um departamento especial, o Cold Case Unit, para cuidar desses casos esquecidos nos arquivos, tão mortos quanto suas próprias vítimas. Análises de DNA foram novamente vasculhadas, mas tal como acontece com a impressão digital, é preciso ter com o que comparar o material deixado na vítima ou na cena do crime. Os casos sem solução mofavam nos arquivos justamente porque o material arquivado não coincidia com o dos bancos de dados.

A Cold Case achou uma solução: nos crimes violentos, quando todas as técnicas convencionais de pesquisas do DNA falharam, e todas as outras formas de investigação não levaram ao culpado, eles usam uma desesperada e controvertida opção, chamada Pesquisa Familiar: se o DNA encontrado não coincide com as amostras arquivadas no banco de dados, checar com outros DNAs, tentando achar um “parentesco” plausível.

Um caso famoso resolvido dessa forma foi o de um serial killer, conhecido como “Grim Sleeper”. Ele matou Debra em 1985; Henrietta em 1986; Barbara, Bernita e Mary em 1987; Alicia e Enietra em 1988. Depois tirou férias, e 12 anos depois matou Valerie em 2003 e Jenica em 2007. Esses períodos de “descanso” deram origem ao apelido Grim Sleeper - Dorminhoco Cruel.

Todas as vitimas eram negras e prostitutas, vivendo em uma das regiões mais pobres de Los Angeles. Como ninguém suspeitava que os crimes haviam sido cometidos pela mesma pessoa, eles não estavam na lista de prioridades da polícia. A Cold Case fez novas análises do DNA, e descobriram que as mulheres tinham um assassino comum, que conseguiu não ser apanhado por 22 anos. E que, provavelmente, voltaria a matar. Pela lógica policial, o criminoso deveria ter um registro nos arquivos de DNA.

O Grim Sleeper não tinha, mas pesquisando coincidências com o DNA de outros criminosos, os computadores mostraram que alguns cromossomos batiam com os de um rapaz com entradas na prisão, mas que era muito jovem para ter cometido os primeiros assassinatos. A partir desse achado, foi fácil chegar ao Grim Sleeper: o pai do rapaz. Para checar seu DNA com o que foi encontrado nas vítimas, os detetives invadiram sua lixeira - o DNA foi retirado dos restos de uma pizza.

Em dez anos, a Cold Case solucionou 92 crimes, dos quais 67 foram resolvidos graças às análises de DNA, do criminoso ou de algum parente. Sete eram serial killers. Em mais alguns anos, com certeza todas as pessoas terão seu DNA obrigatoriamente catalogado e arquivado nos bancos de dados do governo. Tal como as impressões digitais.

Sem comentários:

Enviar um comentário