quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Divisão no Governo alemão sobre criação de lista de neonazis perigosos

O ministro alemão do Interior propôs a criação de uma lista de neonazis perigosos, na sequência da descoberta de que pelo menos nove imigrantes foram assassinados, entre 2000 e 2007, por um grupo de extrema-direita. Mas a ministra da Justiça não tardou a mostrar dúvidas sobre esta ideia.
                          Três suspeitos: Beate Z entregou-se à polícia e Uwe B. e Uwe M. ter-se-ão suicidado (Reuters)

Numa entrevista ao Süddeutschen Zeitung, o ministro Hans-Peter Friedrich defendeu a criação deste registo face à indignação pública de como foi possível esta célula operar durante tanto tempo sem ter sido descoberta pelas autoridades. Uma das hipóteses que se tem colocado é a de que a falta de informação centralizada possa ter facilitado a impunidade dos assassinos por estes crimes cometidos por toda a Alemanha.

Mas a ministra da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, não demorou a dar conta do seu cepticismo em relação a esta medida, dizendo que são recolhidos dados sobre os neonazis assim como de outros extremistas, como os islamistas.

A Alemanha fervilha com novas revelações diárias sobre a célula que, descobriu-se agora, terá sido responsável pelos “assassínios do kebab”, chamados assim porque a maioria das nove vítimas tinham pequenos negócios de venda de fast food. Nesta quarta-feira foi divulgado que a célula tinha também políticos entre os seus alvos – embora não houvesse sinais de planos concretos para os matar.

Assassínios do kebab

Os "assassínios do kebab" eram um dos casos mais misteriosos para a polícia alemã: nove pequenos empresários de origem estrangeira que foram mortos a tiro em várias cidades entre 2000 e 2007, sem uma cadência temporal certa, sem quase nada que os ligasse.

Durante anos, cerca de 160 investigadores seguiram 3500 pistas, examinaram 11 mil pessoas, e milhões de registos telefónicos e de cartões de crédito. A hipótese mais colocada era que as mortes estivessem ligadas a dívidas ou vingança contra deserções de organizações criminosas.

Afinal, descobriu-se agora, estavam ligadas, sim, a um grupo de neonazis.

A prova que fez o caso mudar de figura foi a descoberta da arma usada em todos os crimes, uma pistola Ceska. A pistola de fabrico checo foi encontrada na semana passada, depois de dois neonazis se terem aparentemente suicidado após um assalto falhado a um banco, no apartamento onde estes viviam, em Zwickau, na Saxónia.

Faziam parte de uma célula já conhecida das autoridades por levarem a cabo experiências com explosivos no estado da Turíngia. Uma mulher de 36 anos que vivia no mesmo apartamento entregou-se à polícia e as autoridades detiveram um segundo suspeito, de 37 anos, na cidade de Hanôver. O caso levanta interrogações sobre o eventual envolvimento dos serviços de informação, com suspeitas de protecção de informadores ou, como dizia o jornal Tagesspiegel, de serem "cegas do olho direito".

Fonte: O Publico

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